Burnout: o que é, sintomas e como saber a hora de parar11 de outubro 2025
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Entenda os sinais do esgotamento profissional e descubra como a ajuda especializada pode restaurar seu bem-estar e qualidade de vida.

Resumo:

  • Burnout é um esgotamento profissional reconhecido como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
  • Diferente do estresse, o burnout envolve exaustão, sentimentos de negativismo e eficácia profissional reduzida.
  • Os sintomas podem ser físicos (dores de cabeça, insônia), emocionais (irritabilidade, apatia) e comportamentais (isolamento).
  • As causas geralmente envolvem excesso de trabalho, falta de autonomia, ambientes tóxicos e ausência de reconhecimento.
  • O tratamento é feito com acompanhamento profissional, envolvendo psicoterapia e, em alguns casos, suporte psiquiátrico.

A tela do computador parece mais brilhante que o normal e cada notificação de e-mail soa como um alarme estridente. A vontade é de fechar tudo e ficar em silêncio, mas a lista de tarefas parece infinita. Se essa sensação de estar no limite, física e mentalmente, se tornou constante, você pode estar vivenciando mais do que um simples cansaço: pode ser a síndrome de burnout.

O que é a síndrome de burnout?

A síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio emocional causado pelo estresse crônico e prolongado no ambiente de trabalho. Esse estresse contínuo pode levar a uma exaustão física e emocional persistente, acompanhada de problemas comportamentais, especialmente em profissões que lidam diretamente com outras pessoas. Desde janeiro de 2022, ela é oficialmente classificada como uma doença ocupacional na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Isso significa que o burnout não é apenas um sentimento de cansaço, mas uma condição de saúde real, com um impacto direto na capacidade de uma pessoa exercer suas funções e em sua qualidade de vida geral. Ela se manifesta como uma exaustão intensa, sentimentos negativos em relação ao trabalho e uma clara diminuição da eficácia profissional, indo muito além do estresse comum. O esgotamento é severo, caracterizado por cansaço emocional extremo, falta de empatia e baixa realização profissional.

Qual a diferença entre estresse e burnout?

Embora relacionados, estresse e burnout não são a mesma coisa. O estresse é uma reação natural do corpo a desafios ou demandas, geralmente de curto prazo. Já o burnout é o resultado de um estresse que não foi gerenciado e se tornou crônico, levando ao esgotamento total de recursos emocionais e físicos.

Uma tabela pode ajudar a visualizar as principais diferenças:

CaracterísticaEstresseBurnout 
EnvolvimentoHiperenvolvimento, senso de urgência.Desengajamento, apatia.
EmoçõesReações aguçadas, ansiedade.Emoções “achatadas”, sensação de vazio.
Impacto FísicoPode gerar hiperatividade e picos de energia.Gera exaustão, fadiga crônica e letargia.
PercepçãoA pessoa ainda acredita que pode controlar a situação.A pessoa sente-se desamparada e sem esperança.

Quais são os principais sintomas de burnout?

Os sinais de burnout podem se manifestar de formas diferentes em cada pessoa, mas costumam ser agrupados em três categorias. Reconhecê-los é o primeiro passo para buscar ajuda.

Sinais físicos

  • Cansaço extremo e constante que não melhora com o descanso.
  • Dores de cabeça e enxaquecas frequentes.
  • Dores musculares, principalmente no pescoço e ombros.
  • Alterações no sono, como insônia ou excesso de sono. Uma má qualidade de sono, por exemplo, pode aumentar em cinco vezes a chance de desenvolver a síndrome de burnout, sendo um sinal importante para buscar ajuda.
  • Problemas gastrointestinais (dor de estômago, diarreia, constipação).
  • Queda da imunidade, resultando em resfriados e infecções recorrentes.
  • Alterações no apetite.

Sinais emocionais e psicológicos

  • Sensação de fracasso, derrota e insegurança.
  • Negatividade constante e cinismo em relação ao trabalho.
  • Irritabilidade, impaciência e explosões de raiva.
  • Apatia e falta de prazer em atividades que antes eram agradáveis.
  • Sentimentos de ansiedade e, em casos mais graves, depressão.
  • Dificuldade de concentração e lapsos de memória.

Sinais comportamentais

  • Isolamento social, evitando interações com colegas, amigos e familiares.
  • Queda brusca na produtividade e no desempenho profissional.
  • Procrastinação e dificuldade em iniciar ou completar tarefas.
  • Aumento do absenteísmo (faltas no trabalho).
  • Comportamento agressivo ou passivo-agressivo com colegas.

Quais são as fases do esgotamento profissional?

O burnout não acontece da noite para o dia. É um processo gradual que pode ser dividido em estágios. Embora existam vários modelos, uma forma simples de entender essa progressão é através de três fases principais:

  1. Fase de autoafirmação e idealismo: a pessoa se dedica excessivamente ao trabalho, muitas vezes abrindo mão de pausas, vida social e descanso para provar seu valor e atingir metas ambiciosas.
  2. Fase de distanciamento e cinismo: o esgotamento começa a se instalar. A pessoa se torna mais irritada, cínica e começa a se distanciar emocionalmente do trabalho e dos colegas como uma forma de proteção.
  3. Fase de exaustão e colapso: o esgotamento é total. A pessoa pode sentir um vazio profundo, aversão ao trabalho e desenvolver sintomas físicos e emocionais graves, podendo levar a quadros de depressão e ansiedade.

O que causa o burnout?

As causas do burnout estão diretamente ligadas ao ambiente e à organização do trabalho. Não se trata de uma falha individual, mas de uma resposta a um contexto profissional insustentável. Alguns dos principais fatores de risco incluem:

  • Jornadas de trabalho excessivas e sobrecarga de tarefas.
  • Falta de autonomia e controle sobre as próprias atividades.
  • Metas inatingíveis e pressão constante por resultados.
  • Falta de reconhecimento e recompensa pelo esforço.
  • Ambientes de trabalho hostis, com conflitos, assédio ou falta de apoio social.
  • Insegurança em relação ao emprego ou à estabilidade financeira.

Além dos fatores relacionados diretamente ao ambiente de trabalho, alguns hábitos pessoais também podem agravar o esgotamento profissional. O tabagismo, o uso de sedativos e o consumo excessivo de álcool, por exemplo, estão associados a uma piora do quadro de burnout. Nesses casos, buscar apoio psicológico e aconselhamento é crucial para manejar esses fatores e melhorar a qualidade de vida.

Como é feito o diagnóstico de burnout?

O diagnóstico da síndrome de burnout é clínico e deve ser realizado por um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra. Durante a consulta, o especialista irá avaliar o histórico do paciente, seus sintomas e o contexto de trabalho em que está inserido.

É fundamental não tentar se autodiagnosticar. Muitos sintomas do burnout se sobrepõem a outras condições, como depressão, transtornos de ansiedade ou problemas de tireoide. Apenas um profissional qualificado pode fazer essa diferenciação e indicar o tratamento correto.

Como tratar e prevenir o burnout?

A recuperação do burnout exige uma abordagem multifacetada, que envolve tanto mudanças individuais quanto, idealmente, ajustes no ambiente de trabalho. O tratamento é essencial para restaurar o bem-estar e evitar o agravamento do quadro.

Estratégias de prevenção e manejo

Se você percebe os primeiros sinais de esgotamento, algumas atitudes podem ajudar a prevenir o avanço do problema:

  • Estabeleça limites claros: aprenda a dizer “não” a novas demandas quando já estiver sobrecarregado e defina horários fixos para começar e terminar o trabalho.
  • Faça pausas regulares: tire pequenos intervalos durante o dia para se alongar, caminhar ou simplesmente descansar a mente.
  • Invista no autocuidado: priorize uma alimentação equilibrada, pratique exercícios físicos regularmente e garanta uma boa noite de sono.
  • Desenvolva hobbies: dedique tempo a atividades que lhe tragam prazer e que não estejam relacionadas ao trabalho.

A importância do tratamento profissional

Quando o burnout já está instalado, apenas mudanças no estilo de vida podem não ser suficientes. O acompanhamento profissional é crucial. A psicoterapia, por exemplo, ajuda o indivíduo a identificar os gatilhos do esgotamento, desenvolver estratégias de enfrentamento (coping) e reconstruir sua relação com o trabalho.

Qual especialista devo procurar?

Saber a quem recorrer é um passo decisivo para a recuperação. Os profissionais mais indicados para tratar a síndrome de burnout são:

  • Psicólogo: é o profissional central no tratamento. Através da terapia, ele ajudará a entender as causas do esgotamento, a gerenciar o estresse, a modificar padrões de pensamento e comportamento e a desenvolver resiliência.
  • Psiquiatra: este médico especialista pode ser necessário para avaliar a intensidade dos sintomas, descartar outras condições médicas e, se for o caso, prescrever medicamentos para tratar sintomas associados, como ansiedade, insônia ou depressão.

Lembre-se: cuidar da sua saúde mental é tão importante quanto cuidar da sua saúde física. Reconhecer que é hora de parar e pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, mas sim de força e autocuidado.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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