
Entenda a inflamação que causa dor e queimação no estômago, aprenda a diferenciar seus tipos e saiba o que fazer.
Resumo:
Aquela queimação incômoda no estômago depois do almoço, que às vezes vem acompanhada de uma dor na “boca do estômago”, é uma queixa comum para muitas pessoas. Frequentemente ignorado como um simples mal-estar, esse pode ser um sinal de gastrite, uma condição que merece atenção e cuidado.
Compreender o que é a gastrite, seus diferentes tipos e os sinais que o corpo emite é o primeiro passo para buscar o alívio adequado e, mais importante, cuidar da sua saúde digestiva de forma eficaz. Ignorar os sintomas pode levar a complicações mais sérias no futuro.
A gastrite é definida como uma inflamação, infecção ou erosão do revestimento interno do estômago, conhecido como mucosa gástrica. Essa mucosa tem a função de proteger a parede do órgão da acidez do suco gástrico, essencial para a digestão dos alimentos.
Quando essa barreira protetora enfraquece ou é danificada, o ácido gástrico entra em contato direto com a parede do estômago. Esse contato causa a inflamação, resultando nos sintomas característicos de dor e desconforto. É importante notar que a gastrite é uma condição comum e muitas vezes não apresenta sintomas, o que significa que o desconforto estomacal nem sempre está diretamente ligado à presença de gastrite.
Os sinais da gastrite podem variar em intensidade de pessoa para pessoa, mas alguns são mais frequentes. É importante estar atento a manifestações que persistem ou se agravam com o tempo.
Embora muitos casos sejam leves, certos sintomas exigem uma avaliação médica imediata, pois podem indicar complicações como úlceras ou sangramentos. Procure um especialista se apresentar:
A gastrite é classificada principalmente com base na sua duração e na natureza da lesão na mucosa do estômago. Entender essa diferença é fundamental para direcionar o tratamento correto.
A gastrite aguda surge de forma súbita e geralmente dura por um curto período. A inflamação da mucosa gástrica e seus sintomas, como náuseas, vômitos e dor na parte superior do abdômen, duram menos de um mês nesta classificação. Costuma ser causada por um gatilho específico, como o uso excessivo de medicamentos anti-inflamatórios, ingestão de álcool em excesso ou uma infecção alimentar.
Diferentemente da aguda, a gastrite crônica se desenvolve lentamente e pode persistir por meses ou até anos. Se os sintomas de inflamação da mucosa gástrica, como náuseas, vômitos e dor na parte superior do abdômen, persistirem por mais de um mês, a condição é considerada crônica. Muitas vezes, seus sintomas são mais sutis ou até inexistentes no início.
A principal causa da gastrite crônica é a infecção pela bactéria Helicobacter pylori (*H. pylori*). É importante notar que a infecção por essa bactéria, uma causa frequente de gastrite crônica, geralmente não provoca sintomas, o que dificulta sua identificação sem exames específicos. A bactéria *H. pylori* pode causar dois tipos principais de gastrite: a não-atrófica, uma inflamação crônica, e a atrófica, que é uma condição pré-maligna que pode evoluir para câncer de estômago.
Essa classificação se refere ao tipo de dano na mucosa. A gastrite erosiva causa um desgaste no revestimento do estômago, podendo levar a sangramentos ou úlceras. Já a gastrite não erosiva causa apenas a inflamação, sem essa perda de tecido.
“Gastrite nervosa” é um termo popular, mas não um diagnóstico médico formal. Ele é usado para descrever quadros em que os sintomas de gastrite pioram significativamente com o estresse, a ansiedade e outros fatores emocionais. Embora o estresse não cause a inflamação diretamente, ele pode aumentar a produção de ácido no estômago e agravar um quadro já existente.
Diversos fatores podem agredir a mucosa do estômago, enfraquecendo suas defesas naturais e levando à inflamação. Os mais comuns são:
O diagnóstico correto é essencial para um tratamento eficaz. Ele começa com a avaliação clínica do médico, que ouvirá suas queixas e seu histórico de saúde.
O exame padrão para confirmar a gastrite é a endoscopia digestiva alta. Neste procedimento, um tubo fino com uma câmera na ponta é inserido pela boca para visualizar o esôfago, o estômago e o duodeno. Durante a endoscopia, o médico pode coletar pequenas amostras do tecido (biópsia) para analisar em laboratório, o que permite identificar a causa da inflamação, como a presença da bactéria H. pylori.
O tratamento da gastrite é sempre individualizado e deve ser prescrito por um médico gastroenterologista. O objetivo é reduzir a acidez estomacal, aliviar os sintomas e tratar a causa subjacente da inflamação.
As abordagens podem incluir:
Adotar hábitos saudáveis é a melhor forma de proteger seu estômago e prevenir o surgimento ou o retorno da gastrite. Algumas medidas simples podem fazer uma grande diferença:
A gastrite é uma condição tratável, mas que não deve ser negligenciada. Ao sentir qualquer um dos sintomas descritos, o passo mais seguro é procurar um gastroenterologista para obter um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento adequado, garantindo sua qualidade de vida.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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