Lipedema: o que é, sintomas e como tratar o acúmulo de gordura10 de novembro 2025
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Saiba identificar os sinais desta condição crônica que afeta principalmente mulheres e conheça as abordagens para melhorar sua qualidade de vida.

Resumo:

  • O lipedema é uma doença crônica que causa acúmulo desproporcional de gordura em pernas, quadris e braços, poupando pés e mãos.
  • Não é causado por obesidade ou falta de cuidados; possui forte componente genético e hormonal.
  • Os principais sintomas incluem dor ao toque, sensibilidade, inchaço e facilidade para formar hematomas.
  • O diagnóstico é clínico, realizado por um médico especialista, como o angiologista ou cirurgião vascular.
  • O tratamento é multidisciplinar e foca em controlar a inflamação e os sintomas com dieta, exercícios, fisioterapia e, em alguns casos, cirurgia.

Você olha para suas pernas e nota algo que incomoda. Um acúmulo de gordura que parece resistir a qualquer dieta ou exercício, acompanhado de uma sensibilidade dolorosa ao toque e um inchaço que piora ao longo do dia. Se essa cena é familiar, você pode estar lidando com o lipedema.

O que é lipedema?

O lipedema é uma doença crônica e progressiva do tecido adiposo (gordura) que leva ao seu acúmulo desproporcional e simétrico, principalmente nos membros inferiores, como coxas e pernas. Em alguns casos, os braços também podem ser afetados, mas as mãos e os pés são caracteristicamente poupados. A comunidade científica ainda trabalha para padronizar a definição de lipedema para fins de pesquisa, buscando identificar características em consenso e outras ainda em discussão.

Diferente da gordura comum, a gordura do lipedema é inflamada e pode ser dolorosa. Essa condição não está diretamente ligada ao excesso de peso, embora a obesidade possa agravar o quadro. É uma doença com forte influência hormonal e genética. Além disso, estudos indicam que as células de gordura do lipedema liberam substâncias que estimulam a formação excessiva de novos vasos sanguíneos, contribuindo para as características inflamatórias da doença.

Quais são os principais sintomas do lipedema?

Os sinais do lipedema vão além da aparência. Reconhecê-los é crucial para buscar ajuda médica. Fique atenta se você apresentar:

  • Acúmulo de gordura simétrico: gordura depositada igualmente em ambas as pernas ou braços.
  • Desproporção corporal: a parte inferior do corpo (quadris e pernas) é visivelmente maior que a superior.
  • Pés e mãos poupados: o inchaço e a gordura param abruptamente nos tornozelos ou punhos.
  • Dor e sensibilidade: dor ao toque, pressão ou mesmo espontânea nas áreas afetadas. É importante ressaltar que essa dor é uma característica real e clinicamente validada, e sua intensidade tende a aumentar conforme a doença progride em seus estágios.
  • Hematomas fáceis: surgimento de manchas roxas sem uma causa aparente ou após traumas leves.
  • Textura da pele alterada: a pele pode ter um aspecto nodular ou de “saco de nozes” em estágios mais avançados.
  • Sensação de peso e cansaço: pernas pesadas, especialmente no final do dia.

O que causa o lipedema?

A causa exata do lipedema ainda não é totalmente compreendida, mas as evidências apontam para uma combinação de fatores genéticos e hormonais. A condição frequentemente se manifesta ou piora em períodos de grande alteração hormonal feminina, como:

  • puberdade;
  • gravidez;
  • uso de contraceptivos hormonais;
  • menopausa.

É comum que existam outras mulheres na mesma família com quadros semelhantes, o que reforça a hipótese da predisposição genética.

Como é feito o diagnóstico de lipedema?

O diagnóstico do lipedema é essencialmente clínico. Um médico experiente, geralmente um angiologista ou cirurgião vascular, avalia o histórico da paciente, realiza o exame físico e analisa as características da gordura e da pele.

Durante a consulta, o médico irá observar a simetria, a localização do acúmulo de gordura, a presença de dor e a ausência de acometimento dos pés.Exames de imagem, como o ultrassom, podem ser solicitados para descartar outras condições, como o linfedema (acúmulo de líquido) ou doenças venosas. Para realizar seus exames, conheça nossas unidades.

Quais são os estágios da doença?

O lipedema é classificado em diferentes estágios, de acordo com a evolução do quadro. Essa classificação ajuda a nortear o tratamento.

  1. Estágio 1: a superfície da pele é lisa, mas o tecido gorduroso sob ela já está aumentado e pode apresentar pequenos nódulos.
  2. Estágio 2: a pele se torna irregular, com ondulações e nódulos maiores, semelhantes à celulite.
  3. Estágio 3: o acúmulo de gordura é maior, formando grandes lóbulos, especialmente nos joelhos e coxas.
  4. Estágio 4: ocorre quando o lipedema está associado ao linfedema, condição chamada de lipo-linfedema, com grande acúmulo de líquido e endurecimento dos tecidos.

Como tratar o lipedema?

O tratamento do lipedema é multidisciplinar e visa controlar os sintomas, reduzir a inflamação, evitar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida. Não existe uma cura definitiva, mas o manejo adequado traz excelentes resultados. As abordagens são divididas em tratamento clínico e cirúrgico.

Tratamento clínico e mudanças no estilo de vida

Esta é a base do tratamento e deve ser adotada por todas as pacientes, independentemente do estágio. As principais medidas incluem:

  • Dieta anti-inflamatória: reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, açúcares e farinhas refinadas. Priorizar alimentos naturais, como frutas, vegetais, gorduras boas e proteínas magras.
  • Atividade física de baixo impacto: exercícios na água (hidroginástica, natação) e atividades como caminhada, bicicleta e pilates ajudam a ativar a circulação linfática sem sobrecarregar as articulações.
  • Fisioterapia complexa descongestiva: inclui técnicas como a drenagem linfática manual e o enfaixamento compressivo para reduzir o inchaço e a dor.
  • Uso de meias de compressão: ajudam a conter o inchaço, aliviar a sensação de peso e melhorar o desconforto.

Tratamento cirúrgico

Para casos mais avançados ou quando o tratamento clínico não é suficiente para controlar os sintomas, a cirurgia pode ser uma opção. O procedimento indicado é uma lipoaspiração específica para o lipedema, que utiliza técnicas para remover a gordura doente preservando os vasos linfáticos.

É fundamental que a cirurgia seja realizada por uma equipe experiente e que a paciente mantenha os cuidados do tratamento clínico no pós-operatório para garantir a durabilidade dos resultados.

O que pode piorar o lipedema?

O principal vilão do lipedema é a inflamação crônica. Fatores como uma dieta rica em alimentos industrializados, sedentarismo, ganho de peso e estresse podem aumentar o processo inflamatório no corpo e agravar os sintomas de dor e inchaço.

Além disso, o aumento de peso pode levar à obesidade associada, o que sobrecarrega ainda mais o sistema linfático e piora a progressão da doença.

Lipedema tem cura?

Por ser uma condição crônica, o lipedema não tem uma cura definitiva. No entanto, com o tratamento adequado e contínuo, é possível controlar totalmente os sintomas, impedir a progressão da doença e ter uma vida normal e sem dor.

O objetivo do tratamento é gerenciar a condição a longo prazo, permitindo que a paciente retome suas atividades diárias com conforto e bem-estar.

Um diagnóstico precoce é o melhor caminho para um tratamento eficaz e para evitar a progressão do lipedema. Conte com a Clínica SiM para recuperar sua qualidade de vida.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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